O Outro Lado do Abismo - Capítulo 1, Parte 2
Sinais de Vida - p2
Mas ao fim de algum tempo, se é que o termo faz algum sentido, e depois de um incontável desfile de imagens, algo mudou. Tudo começou com uma já familiar sensação de vertigem que por vezes parecia envolver o mundo num véu de bruma, silenciando o infindável turbilhão de imagens e transmitindo uma sensação de calma e serenidade que era recebida e saboreada de uma maneira só possível àqueles que vivem há já demasiado tempo mergulhados no caos e na loucura. Mas desta vez as imagens não se esbateram. Pelo contrário, tornaram-se mais nítidas do que nunca, e pela primeira vez Pedro teve verdadeiramente consciência de si mesmo. Um breve momento de lucidez, mas que bastou para compreender enfim que as imagens eram na realidade memórias, as suas próprias memórias.
E se na verdade possuía, como parecia, memórias de uma outra realidade que não esta em que se encontrava, então ele próprio deveria pertencer a essa outra realidade, e não a este mundo vazio e negro ao qual parecia ter sido condenado. Tudo não deveria passar de um sonho … não, de um pesadelo, um longo e negro pesadelo do qual não tardaria a acordar. Acto contínuo, o turbilhão de imagens desvaneceu-se e o mundo mergulhou de novo na escuridão.
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