sábado, 27 de agosto de 2005

Portfolio On-Line

Para além da escrita também a fotografia é um dos meus hobbies. Não tenho equipamento sofisticado nem muitas noções e conceitos para me apoiar mas gosto do que faço.

Já há algum tempo que mantenho um portfolio on-line mas agora, com as fotografias das minhas férias em Barcelona, dediquei-me à sua reoganização e actualização e decidi deixar aqui o endereço para quem tiver curiosidade. Espero que gostem.

http://www.flickr.com/photos/sdsm/

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Cinzas e Fumo

Já vos falei aqui um pouco da terra do meu pai. Pois bem, há coisa de três semanas foi atingida por um grande incêndio. Não houve vítimas, nenhuma casa ardeu, mas a área afectada foi muito grande. Evitei durante algum tempo lá ir e tentei não pensar nisso, mas por fim fui ver pelos meus próprios olhos os danos.

Logo pela manhã dirigi-me ao vale mais próximo, que conhecia como se fosse a palma da minha mão, com esperança de que não tivesse sido tão mau como havia ouvido. Mas era. Logo à saída da aldeia tive dificuldade em reconhecer os caminhos que tantas vezes percorrera desde pequeno. Aqui e ali, pequenas zonas de um verde mortiço ainda espreitavam; tudo o mais estava chamuscado, queimado, partido, ... irreconhecível.

Comecei a sentir um aperto no peito mas decidi seguir em frente, tentando ignorar o cheiro acre a queimado que me começava a afectar os olhos e a garganta. Poucos minutos depois, do cimo de uma colina próxima, vinha a confirmaçãos da catástrofe. Diante de mim estava no centro da área ardida; chão coberto de cinza; pedras calcinadas espreitando aqui e ali; troncos queimados formando uma floresta de palitos negros até onda a vista alcançava; nenhum som para além do uivo do vento.

O coração caiu-me aos pés. Quis chorar. Quis gritar. Mas não consegui. Limitei-me a contemplar em silêncio aquele quadro dantesco, esmagado pela sensação de impotência que tomou conta de mim. Senti que parte de mim ardera também.

Um dia aquelas matas vão-se regenerar e voltar a ser verdes de novo, mas para mim nunca mais será o mesmo porque não mais me trarão memórias do que lá vivi. Suponho que tenha de aceitar isso ...

... por muito que me custe.

sábado, 6 de agosto de 2005

Lembrar Hiroshima

Na manhã de 6 de Agosto de 1945, os habitantes de Hiroshima dirigiam-se para o trabalho quando pelas 7:31 foi desencadeado o sinal de ataque aéreo. Cansados da guerra e já habituados os bombardeamentos constantes levados a cabo pelas forças norte-americanas, poucos correram a refugiar-se nos abrigos. Pelas 7:53 soou o sinal de fim de ataque aéreo sem que nenhum ataque se tivesse dado e muitos respiraram de alívio, ignorando que muito acima deles o pequeno avião de reconhecimento que despoletara o alarme havia emitido a mensagem que os condenara à morte.

Quando o sinal de ataque aéreo voltou a soar, era já muito tarde. Às 8:15 da manhã, a cerca de 10km de altitude, a “Little Boy” abandonou o porão do bombardeiro “Enola Gay”. 51 Segundos depois, a 244 metros do solo, um segundo sol brilhou no céu e o mundo mudou para sempre.

A explosão provocou um clarão 12 vezes mais forte que a luz do sol e atingiu os 5,5 milhões de graus centígrados na parte central da cidade. A nuvem de escombros em forma de cogumelo gerada pela explosão foi visível num raio de 550km. Uma chuva preta, oleosa e pesada, contaminada pelo urânio, caiu sobre a cidade contaminando o solo, o rio, os sobreviventes... as equipas médicas que chegavam ao que restava da cidade nada podiam fazer: apenas tinham mercurocromo para tratar queimaduras terríveis. Estima-se que 80 mil pessoas tenham morrido instantaneamente, e que mais 140 mil tenham sucumbido nos dias seguintes.

3 Dias mais tarde era Kokura que estava condenada a sofrer igual sorte às mãos de uma bomba ainda mais poderosa, mas as condições atmosféricas não permitiram o lançamento e foi Nagasaki, o alvo alternativo, que foi atingida. Quis o destino que desta vez o lançamento não corresse como previsto e a bomba desviou-se do alvo, estatelando-se numa montanha; a cidade foi resguardada pelo terreno montanhoso e a explosão causou menos mortos do que a de Hiroshima. O lançamento da bomba sobre Nagasaki apenas foi conhecido três dias depois: os norte-americanos tentaram ocultar este segundo ataque.

Nunca se saberá ao certo quantas pessoas morreram devido à combinação das explosões, incêndios, calor e radiação libertada, e ainda hoje muitos milhares de pessoas continuam a sofrer os efeitos da contaminação radioactiva. Albert Einstein e Julius Robert Oppenheimer, dois dos mais brilhantes cientistas ligados à criação da bomba, viriam a penitenciar-se até ao fim das suas vidas pela sua participação no projecto.

Sessenta anos depois, é irónico constatar que a arma mais devastadora alguma vez criada pelo homem foi responsável pelo maior período de relativa paz mundial na história. Talvez isso não seja surpreendente. O mundo percebeu que a próxima grande guerra será com certeza a última. É por isso que a memória de Hiroshima e Nagasaki não pode ser esquecida; porque no dia em que isso acontecer teremos condenado toda a humanidade.

I am become death, the destroyer of worlds.”
(Julius Robert Oppenheimer)

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

O Fim da Versão Inglesa

Com muita pena minha, a partir de hoje a versão inglesa do blog deixa de estar disponível.

O Motivo? O óbvio. Não vale a pena se ninguém ler ... e ninguém lê.

Portanto vou deixar de traduzir os textos. Prefiro ter mais um bocadinho de tempo para manter este.