terça-feira, 26 de junho de 2007

Lost In Ireland (I)

Finalmente, o relato das minhas aventuras e desventuras na Irlanda. Bom, a primeira parte pelo menos ...

Dia 0 - Preparativos
Como muitos de vocês devem saber, viajar em companhias aéreas de low-cost sai muito baratinho e tal, mas regra geral tem as suas desvantagens. A maior com que me deparei desta vez foi que o meu voo partia não de Lisboa, mas da cidade invicta. Muitos de vocês me dirão que não compensa. E têm alguma razão. Mas tendo em conta que a caminho do Porto apanhava a minha companheira de viagem, as contas não eram assim tão simples.

Assim, a minha viagem começou após um longo dia de trabalho, no momento em que apanhei o último intercidades do dia (ou noite) a caminho de Aveiro.

Dia 1 - Adaptação
Depois de uma noite curta, mas já com companhia, iniciou-se o primeiro dia de viagem. Aveiro-Campanhã, Campanhã-Aeroporto Sá Carneiro, Aeroporto Sá Carneiro-Aeroporto de Dublin. E foi aqui que as coisas começaram a ficar interessantes. Burocracias ultrapassadas e já com o nosso belo carrinho (um Toyota Yaris azul metalizado) nas mãos, estavamos prontos para partir ... ou então não.

Primeira dificuldade: sair do parque de estacionamento. Por mais mais avisos que eles tenham (e tinham mesmo: nos documentos, no para-brisas, pintados na estrada, em sinais de 50 em 50 metros, ...), conduzir pela esquerda mete uma confusão dos diabos. E se eu, o navegador, estava muito apreensivo, a minha companheira de viagem, a condutora, estava aterrorizada. Sair de Dublin foi um verdadeiro desafio aos nossos nervos e sangue-frio. Quando finalmente entrámos na autoestrada/estrada nacional foi um alívio! Olhando para trás, nenhuma das dificuldades que encontrámos depois chegou aos calcanhares da (primeira) saída de Dublin.

Seguiu-se uma viagem de 200 km para Galway, situada no lado oposto do país. Não há muito a dizer sobre esta primeira etapa. A preocupação maior era chegar a horas ao destino e, sobretudo, dar quilómetros à condutora para que se habituasse ao carro e às novas regras. De facto, sem este primero dia calmo, quase só de adaptação, não teriamos sido capazes de aguentar os dias que se seguiram.

À chegada, mais uma dificuldade: como encontrar uma pousada numa cidade desconhecida em que não há placas com o nome das ruas? Por fim, depois de muitas voltas e de perguntar a várias pessoas na rua lá a encontrámos. Bem simpática pelos vistos. Mas a cidade tinha ainda mais dificuldades preparadas para nós. A primeira coisa que nos disseram logo foi para não beber água da torneira porque estava contaminada. Nem sequer lavar os dentes, só mesmo para tomar banho. Parece brincadeira, certo? Mas não era. Tivemos de comprar logo dois garrafões de água no supermercado e na manhã seguinte lavámos os dentes com água mineral. Surreal, no mínimo, mas aparentemente a situação já se arrastava há alguns meses e ainda sem prazo de resolução ...

A noite foi sem dúvida o ponto alto do dia. Com a ajuda do pessoal da pousada, descobrimos um magnífico pub tradicional (cujo nome, se e quando me lembrar, ponho aqui) na parte velha da cidade, com música tradional ao vivo. E quando digo música ao vivo não estou a falar de uma banda. São os habitantes da cidade que se juntam por gosto nos pubs a tocar e a cantar, e a partilhar uma Guiness. Um ambiente verdadeiramente fenomenal. Não encontrámos igual em mais lado nenhum durante a viagem; A passagem por Galway, nesse aspecto, será sempre memorável.

Nota do dia: Placas Informativas - As estradas nacionais e regionais estão marcadas até à exaustão, mas descobrimos que nenhuma cidade ou vila do país têm placas com os nomes das ruas. Dublin é a (única) excepção a esta regra.

(continua)

1 Comentário(s):

Célia disse...

Finalmente!
A parte em que as pessoas da aldeia se juntam num pub para cantar já me era de certo modo familiar através de um livro da Nora Roberts que li... É engraçado ver que é isso mesmo que acontece.

Em relação à condução ser ao contrário... que confusão! :)